Metal

criado: 22/03/2025

O início

Se alguém me pergunta o que eu ouço, minha resposta desde a adolescência é a mesma: metal.

Metal é meu estilo de música predileto. Acredito que seja 90% do que eu ouço desde que comecei a ouvir música de maneira "autônoma". Digo "autônoma" entre aspas pois nunca somos 100% livres nas nossas escolhas, somos influenciados e moldados por várias frentes ao qual não temos controle. Também uso essa palavra para ilustrar que escolhi ouvir esse estilo ao invés de só consumir coisas que me eram fornecidas pela televisão ou meus pais, já que nessa mesma época eu me lembro de em algum momento ter ganhado o CD do Rodolfo & ET. Isso foi em 98 e eu tinha 12 anos de idade.

Acredito que tenha sido por volta dessa idade onde um amigo da escola me apresentou uma fita cassete do Kiss. Isso mesmo, fita cassete.

Uma das vantagens (ou desvantagens) de morar e crescer no interior é que muitas das amizades de infância permanecem até hoje e você vê essas pessoas com frequência. Eu não moro mais na minha cidade natal, mas eventualmente visito e sempre acabo encontrando este e outros amigos em alguns shows na minha cidade natal. Este amigo em particular eu até encontrei em um show do Cannibal Corpse em Limeira.

Enfim, quando coloquei aquela fita pra tocar em casa pela primeira vez, eu me lembro de ter ficado fascinado. A energia do som, as guitarras, a agressividade. Aquilo me fisgou instantaneamente.

Como muito adolescente eu não fui atrás de ouvir outras coisas, mas sim de ouvir mais da mesma banda. Eu me tornei um fã do Kiss. E, convenhamos, pra época eles sabiam se vender muito bem para o público alvo.

Queria saber a história da banda, cada integrante, tudo. Então comecei adquirir mais CDs da banda.

Descendo um degrau

Vale mencionar aqui que o pai deste meu amigo também era fã do estilo musical e era dono de uma loja de CDs e artigos especializada somente em rock e metal. Uma loja que virou um ponto central na minha adolescência e até para a história da minha cidade, mas o mais curioso disso tudo é que não foi por intermédio dele que tive contato com algo mais pesado que Kiss e sim quando um outro amigo me emprestou o "The Number of the Beast" do Iron Maiden.

Aquilo ali mexeu muito mais comigo. Era outro nĩvel. Mais peso, mais agressividade, músicas muito mais elaboradas. Eu me lembro de ter passado por muita resistência em admitir que eu estava gostando muito mais de Iron Maiden do que Kiss, afinal ser um fã de Kiss fazia parte da minha identidade adolescente. Obviamente isso não durou muito.

Com essa nova descoberta, eu passei a frequentar a loja de metal que mencionei acima. Eu não ia pra adquirir CDs novos, já que era um adolescente que só estudava, mas sim pra frequentar o local mesmo. O proprietário era acostumado com esse vai e vem de pessoas e era alguém extremamente bacana de conviver. Inclusive me lembro de várias outras figuras que apareciam ao longo do dia pra bater um papo no local, lembrando um episódio de alguma série tipo sitcom onde pessoas entram, conversam algumas coisas e saem da casa do protagonista. Criei uma rotina onde todos os sábados, depois do almoço, eu colocava uma camiseta de metal, bermuda e chinelo e rumava a pé até essa loja do outro lado da cidade em uma caminhada de uma hora. Lá tocava música o dia todo e, se o CD não era novo e lacrado, era só pedir que ele botava pra tocar. Foi ali que conheci minhas primeiras bandas e comecei a "diversificar" mais.

Não me lembro exatamente quando comecei a ter acesso a internet, mas baixar músicas ainda era algo difícil de se fazer pela conexão lenta e a possibilidade de utilizar somente aos finais de semana (geralmente aos domingos) por causa do custo. Então a loja ainda era um local que eu frequentei bastante por alguns anos. Ali Kiss já tinha virado só mais uma de várias bandas no meu repertório. E agora entra um novo "fanatismo" que dura até hoje: King Diamond.

O primeiro contato com King Diamond foi através de um amigo que me emprestou o CD "The Graveyard". Eu achei aquilo fenomenal. Muitos detestavam o seu falsete, mas eu particularmente gostava. Engraçado que hoje acho o "The Graveyard" fraco perto do restante da discografia, mas na época aquilo era novidade pra mim. Logo comecei a adquirir CDs, camisetas e até boné.

King Diamond e Mercyful Fate figuram até hoje entre meus preferidos. Imaginem a minha amargura por saber que o Mercyful Fate fez um show na minha cidade natal em 1998 e eu não conhecia a banda? Felizmente realizei esse sonho e pude vê-los ao vivo em 2024, mas ainda aguardo ansiosamente pelo show do King Diamond.

Aliás, segue aqui um vídeo da banda fazendo autógrafos na loja mencionada neste texto. Me lembro muito bem daquela bandeira com um cachorro na parede.

Imersão total

Com a chegada da internet banda larga, o céu era o limite. Daí pra frente não há muito o que se falar. Meu gosto por metal foi se aprofundando e se diversificando. Frequentei o finado fórum NewMetal onde convivi com muitas pessoas bacanas e muitas bandas não necessariamente de new metal (hoje não gosto de quase nada do estilo).

O fórum e o software Soulseek foram importantíssimos nessa fase (ainda utilizo o Soulseek) para descobrir coisas novas. Nessa época tive meu "paladar" acostumado com estilos mais pesados como death, black e grind, solidificando ainda mais o metal como meu estilo de música preferido.

Hoje, infelizmente, não tenho pessoas próximas a mim que curtam o estilo a ponto de compartilhar coisas novas. A "época de ouro" de frequentar lojas e círculos sociais em torno de um gosto em comum se foi e restou a nostalgia, mas sigo descobrindo bandas e álbuns novos praticamente toda semana através da internet e sites especializados.

Não vou me lembrar de todos e nem caberia aqui, mas abaixo vou deixar uma lista de álbums que foram importantes para mim em toda essa jornada. Eles não são necessariamente meus álbuns preferidos, mas tiveram sua importância durante essa caminhada.

Poster do Mercyful Fate

tags: #música #metal